Eu sempre suspeitei que Rafael
tivesse uma forte identificação com a morte. Todas as suas falas mórbidas de
poeta maldito, todo aquele ar de sofrimento impregnado em seu ser, tanta
tristeza. Era fácil prever que isso aconteceria uma hora ou outra, mas a gente
sempre pensa que sentimento exagerado pelo o que quer que seja é
frescura. Ser surpreendida com seu corpo pendente, balançando levemente como um
galho arejado pela brisa suave, me deixou atônita, eu não soube como reagir no
primeiro instante! Minha reação nada convencional foi pegar uma garrafa de
uísque que ele mantinha guardada dentro de uma gaveta junto com uma papelada de
documentos e beber um gole guloso que me desceu queimando pela garganta até
incendiar meu estômago. Sentei-me na poltrona e contemplei por um momento breve
o corpo feito o pêndulo de um relógio antigo, marcando o momento exato da
transição do crepúsculo para a noite.
Ficou muito bom, Mika!
ResponderExcluirObrigada, Ramon!
ExcluirPela visita, leitura e comentário!
<3